Há vários anos venho percebendo que as igrejas, especialmente as neopentecostais (talvez para arrebanhar fiéis e contribuições financeiras) têm promovido uma verdadeira banalização do perdão.
A frase "Deus me perdoou" se tornou uma muleta para pessoas que cometeram toda sorte de crimes e de violências: estupros, homicídios, sequestros, latrocínios... Faz sentido. Afinal, se mesmo tendo matado um semelhante, "Deus me perdoou" e se "fui purificado pelo batismo", quem é você para me cobrar reparação?
A coisa ficou tão distorcida que umas e outras ovelhas do rebanho neopentecostal se sentem estimuladas a "chutar o balde". Como já estão em pecado e como o perdão divino é certo, pecam mais um pouquinho entre uma absolvição e outra. Esse mecanismo (i)moral autoriza a existência -- a priori, incompatível -- de tantos traficantes, milicianos e corruptos "evangélicos".
Em um sistema ético sério (e as religiões salvacionistas se proclamam sistemas éticos sérios), a obtenção do perdão está associada não somente ao (SINCERO) arrependimento do infrator. Ela também está associada à aceitação da punição, ao compromisso de não reincidir nos crimes e a esforços, da parte do infrator, para reparar os danos que cometeu: à vítima, à família da vítima e/ou à comunidade, em geral.
Sem isso, "conversão" é máscara. Refúgio para psicopatas. Fica a dica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário